Lendas Brasileiras: Capítulo VI

A LENDA DO CABEÇA DE CUIA.

Sete Marias Precisa tragar e sete virgens pro encanto acabar Quando o rio Em cheia desce Cabeça de cuia Sempre aparece Rema pra margem Oh! Velho pescador Que a curva do rio O monstro apontou Castigo tremendo Que Deus lhe deu Por bater na mãezinha Crispim se encantou Tem medo, oh! Maria Que estás a lavar O cabeça de cuia Te pode tragar.

(Canção popular atribuída a Chico Bento)

Assim começa a história de Crispim, um jovem rapaz originário de uma família muito pobre, que vivia na pequena Vila do Poti (hoje, Poti Velho, bairro da zona norte de Teresina). Seu pai, que era pescador, morreu muito cedo, deixando o pequeno Crispim e sua velha mãe, uma senhora doente, sem nenhuma fonte de sustento. Sendo assim, Crispim teve que começar a trabalhar ainda jovem, também como pescador. Um dia, Crispim foi a uma de suas pescarias, mas, por azar, não conseguiu pescar absolutamente nada. De volta à sua casa, descobriu que sua mãe havia feito para o seu almoço apenas uma comida rala, acompanhado de um suporte de boi (osso da canela do boi). Como Crispim jazia de fome e raiva, devido à pescaria fracassada, enfureceu-se com a miséria daquela comida e decidiu vingar-se da mãe por estarem naquela situação. Então, em um ato rápido e violento, o jovem golpeou a cabeça da mãe, a deixando a beira da morte. Porém, a velha senhora, antes de falecer, rogou uma maldição contra seu filho, que lhe foi atendida. A maldição rezava que Crispim transformasse em um monstro aquático, com a cabeça enorme no formato de uma cuia, que vagaria dia e noite e só se libertaria da maldição após devorar sete virgens, de nome Maria. Com a maldição, Crispim enlouquecera, numa mistura de medo e ódio, e correu ao rio Parnaíba, onde se afogou. Seu corpo nunca foi encontrado e, até hoje, as pessoas mais antigas proíbem suas filhas virgens de nome Maria de lavarem roupa ou se banharem nas épocas de cheia do rio. Alguns moradores da região afirmam que o cabeça de cuia, além de procurar as virgens, assassina os banhistas do rio e tenta virar embarcações que passam pelo rio. Outros também afirmam que Crispim ou, o cabeça de cuia, procura as mulheres por achar que elas, na verdade, são sua mãe, que veio ao rio Parnaíba para lhe perdoar. Mas, ao se aproximar, e se deparar com outra mulher, ele se irrita novamente e acaba por matar as mulheres.
Até hoje o cabeça de cuia conseguiu devorar duas virgem de nome Maria.
O cabeça de cuia somente pode ser destruído com um tiro de prata no coração, ele é na verdade vitima de uma maldição que obriga ele a comer carne humana para sobreviver. Mesmo assim, todo cuidado é pouco.

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