Lendas Brasileiras: Capítulo XII - A Lenda do Corpo Seco

Dizem que há muito tempo viveu um homem cruel e sem coração.
Ele maltratava a mãe, batia nos pobres, zombava da fé e não tinha piedade de ninguém.
Quando morreu, ninguém quis rezar por ele — e, mesmo assim, o coveiro o enterrou num canto do cemitério, sem bênção, sem cruz, sem flores.

Mas na manhã seguinte, o coveiro viu algo impossível:
a terra estava revirada e o caixão… vazio.

O corpo do homem havia voltado.
E dizem que ele começou a andar pelas noites, com a pele seca como couro, colada nos ossos, os olhos fundos e o cheiro de podridão.
Nem o céu, nem o inferno o quiseram — por isso, ficou preso à terra, condenado a vagar para sempre, atacando quem encontra.

Desde então, as pessoas dizem que o Corpo Seco aparece em estradas desertas, cemitérios e beiras de rio.
Ele se alimenta da energia dos vivos — e sua presença é anunciada por um mau cheiro insuportável e um vento frio que surge do nada.

A história do Corpo Seco é um conto moral de origem popular, com forte influência do catolicismo rural e das crenças em punição divina.
Ela nasce da ideia de que existem pessoas tão más, tão frias e cruéis, que nem Deus, nem o Diabo as querem após a morte, ou seja, elas são amaldiçoadas.

Essas almas não vão para o céu — porque nunca pediram perdão.
Mas também não descem ao inferno — porque o próprio demônio recusa algo tão corrompido.
Assim, ficam presas à terra, condenado a vagar eternamente.

Nas antigas comunidades rurais, o Corpo Seco simbolizava:

  • O castigo da impiedade.
  • O medo da maldição eterna, sem perdão e sem descanso.
  • A lembrança moral de que toda ação ruim tem retorno — mesmo depois da morte.

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